Revisão de estudos revela falta de padronização em protocolos de terapia com psilocibina

Um artigo de revisão sistemática publicado por pesquisadores da Universidade de Toronto na revista Journal of Affective Disorders analisou os protocolos de terapia com psilocibina utilizados em ensaios clínicos voltados à saúde mental.

O estudo examinou 22 ensaios clínicos recentes, comparando os modelos terapêuticos aplicados no tratamento de condições como depressão, transtornos por uso de substâncias, transtorno obsessivo-compulsivo, transtornos alimentares e sofrimento psicológico associado ao câncer.

Embora tenha sido identificada consistência na estrutura geral da terapia — preparação, sessão de dosagem e integração pós-experiência — os autores destacam variações significativas na dosagem, nas abordagens psicoterapêuticas adotadas e, sobretudo, na falta de padronização dos protocolos.

Segundo os autores do artigo, essas diferenças comprometem a replicabilidade e a generalização dos resultados, limitando a compreensão dos mecanismos terapêuticos envolvidos.

Os autores também apontam que o termo ‘terapia’ é frequentemente utilizado de forma vaga, o que dificulta a compreensão do papel real da psicoterapia nos resultados observados. Em alguns estudos, a ‘psicoterapia’ é estruturada; em outros, limita-se a suporte, presença ou escuta.

Enquanto os modelos de terapia com psilocibina não forem adequadamente operacionalizados e regulamentados, o avanço do conhecimento científico e a incorporação responsável dessa abordagem na prática clínica seguirão como desafios importantes.

Referência

Kittur ME, Burgos M LA, Jones BDM, Blumberger DM, Mulsant BH, Rosenblat JD, Husain MI. Mapping psilocybin therapy: A systematic review of therapeutic frameworks, adaptations, and standardization across contemporary clinical trials. J Affect Disord. 2025 Dec 15;391:119952. doi: 10.1016/j.jad.2025.119952.

Disponível na íntegra:

https://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S0165032725013941?via%3Dihub

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